PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DE LITERATURA NO BRASIL
No dia 22 de abril de 1500, chegavam às costas das terras que mais tarde se chamariam Brasil as embarcações portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. Os primeiros contatos com os indígenas, o estranhamento inicial, a exploração das terras, o desejo de encontrar riquezas... tudo isso será registrado nos primeiros documentos produzidos em terras brasileiras.
A MISSÃO
Com a missão de transportar missionários e adquirir ouro e especiarias em Calicute, o comandante Pedro Álvares Cabral e uma esquadra de treze embarcações partiu do porto do Restelo, em Lisboa, rumo às Índias, singrando o mesmo caminho descoberto antes por Vasco da Gama. Após as ilhas Canárias, a esquerda afastou-se da rota, navegando para oeste. A 21 de abril, avistaram o litoral sul do atual estado da Bahia e desembarcaram no local que foi denominado Porto Seguro. O primeiro nome dado à nova terra foi Vera Cruz, logo alterado para Província Santa Cruz.
A terra a que aportaram tinha condições peculiaríssimas. Os colonizadores ficaram perplexos diante da novidade, desde o clima tropical até os habitantes que andavam nus e falavam um idioma desconhecido. Ao rei de Portugal, D. Manuel – o Venturoso foi enviada uma carta, no mês de maio, escrita pelo escrivão da esquadra de Cabral, Pero Vaz de Caminha. (que veremos mais tarde).
DOOCUMENTOS DE INFORMAÇÃO
Por todo o século XVI, entre 1500 e 1601, produziu-se uma literatura informativa composta de relatórios, tratados, estudos, diários, etc. O objetivo era descrever e traçar um perfil da nova terra para o conhecimento da metrópole portuguesa. O período é didaticamente chamado de QUINHENTISMO brasileiro, e os documentos produzidos durante esse tempo não podem ser considerados literatura artística, e sim manifestações literárias, já que não são criações de caráter artístico, mas produtos da observação, ora objetiva, ora subjetiva. Os primeiros escritos de informação sobre o Brasil, começando pela carta de Pero Vaz de Caminha, têm caráter bastante descritivo e revelam hábitos de vida dos indígenas, além da exuberância da terra aos europeus. São textos comprometidos em fazer levantamentos gerais da fauna e da flora, dos rios, dos nativos e do mundo tropical.
Apesar do caráter científico que muitas vezes assumem, os textos dos cronistas e dos viajantes estão marcados pela presença da fantasia de seus autores, todos eles exploradores europeus que filtravam fatos e dados, acrescentando-lhes elementos mágicos e características quase sempre fantásticas. A poligamia indígena e a prática do canibalismo por alguns povos foram os dois primeiros elementos que desafiaram os europeus. Eram comportamentos que a visão cristã e medieval não admitia.
Aos jesuítas, orientados pela ideologia da Igreja Católica, cabia a conversão dos gentios de qualquer maneira, mesmo que os padres tivessem de aprender a língua Tupi, o que, de fato, acabou acontecendo, por exemplo, com o padre Manoel da Nóbrega e com o padre José de Anchieta. A Bíblia aparece, na literatura de catequese, como fonte de todo o conhecimento. A literatura dos jesuítas, por outro lado, é bem mais realista que a dos cronistas e viajantes: os padres não se iludiram com o ‘novo mundo’, pois tratavam o índio como pecador.
PERIODIZAÇÃO DA LITERATURA COLONIAL
Considerando-se que o Brasil foi colônia de Portugal de 1500 a 1822, são trezentos anos e mais duas décadas de dominação. No primeiro século, o Brasil colonial foi organizado em capitanias hereditárias, em que a ação jesuítica e catequese é predominante. Por volta do ano 1549, o militar Tomé de Souza é nomeado governador-geral, por Carta Régia que escolheu por sede a Capitania Baía de Todos os santos.
No século XVII, a cidade de Salvador, que já era habitada por cidadãos portugueses, negros escravizados, índios e mulatos, transformou-se em importante eixo comercial e centro decisório de ações políticas do governo. Na primeira metade do século XVIII, a região de Minas Gerais viveu o ciclo do ouro e se transformou em centro econômico da colônia, com rápido povoamento.
A literatura brasileira brotou em duas fases. A primeira fase corresponde ao período do Brasil colonial, durante os séculos XVII e XVIII, nessa época, uma das primeiras vozes da literatura é o poeta Gregório de Matos e Guerra, instalado em Salvador, no século XVII. Durante o século XVIII, Minas Gerais acompanha a produção de poetas sediados em Vila Rica (atual Ouro Preto), Mariana, São João Del Rei, cidades vinculadas ao ciclo do ouro e pedras preciosas. A segunda fase da literatura brasileira se inicia na época do Brasil independente, a partir de 1822.
PERÍODOS LITERÁRIOS DO BRASIL COLÔNIA
QUINHENTISMO
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BARROCO
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NEOCLASSICISMO
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1500 – 1601
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1601 – 1768
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1768 - 1836
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Primeiro documento escrito foi a Carta, de Caminha, cujo destinatário era D. Manuel, rei de Portugal
Florescimento da chamada literatura de informação, cujo objetivo era descrever para a Corte portuguesa a terra descoberta.
Desenvolvimento da literatura de catequese, com a finalidade de doutrinar os indígenas.
Elaboração de textos de teatro com teor catequético.
Produção de poesia religiosa.
José de Anchieta é o principal expoente da literatura catequética.
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Publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira.
Poesia lírica, religiosa, satírica, de Gregório de Matos, em Salvador, Bahia.
Oratória doutrinária, padre Antônio Vieira, em Salvador, Maranhão e outras áreas do Nordeste brasileiro.
Sermões escritos por padre Antônio Vieira.
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Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa.
Atuação do Grupo Mineiro em Vila Rica, MG.
Poesia árcade de Cláudio Manuel da Costa.
Sonetos
Tomás Antônio de Gonzaga escreve a obra Marília de Dirceu.
Poesia épica indianista o Uraguai, de Basílio da Gama, e Caramuru, de Santa Rita Durão.
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A LITERATURA INFORMATIVA
O escrivão de Pedro Álvares Cabral chegou à costa brasileira em 1500 e redigiu a Carta a el-rei Dom Manuel a fim de comunicar e descrever os primeiros contatos entre os portugueses e os nativos aqui encontrados. O documento redigido por Pero Vaz de Caminha constitui a principal fonte de informações históricas da chegada dos portugueses. Veja outras fontes de informação histórica do século XVI:
· 1530 – Diário de navegação, de Pero Lopes de Souza;
· 1557 – Diálogo de conversação do gentio, do padre Manuel da Nóbrega;
· 1557 – Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden;
· 1570 e 1576 – Tratado da Terra do Brasil e História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos de Brasil, de Pero Magalhães Gândavo;
· 1578 – Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry;
· 1587 – Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa.
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