PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DE LITERATURA NO BRASIL

A MISSÃO
Com a missão de transportar missionários e adquirir ouro e especiarias em Calicute, o comandante Pedro Álvares Cabral e uma esquadra de treze embarcações partiu do porto do Restelo, em Lisboa, rumo às Índias, singrando o mesmo caminho descoberto antes por Vasco da Gama. Após as ilhas Canárias, a esquerda afastou-se da rota, navegando para oeste. A 21 de abril, avistaram o litoral sul do atual estado da Bahia e desembarcaram no local que foi denominado Porto Seguro. O primeiro nome dado à nova terra foi Vera Cruz, logo alterado para Província Santa Cruz.
A terra a que aportaram tinha condições peculiaríssimas. Os colonizadores ficaram perplexos diante da novidade, desde o clima tropical até os habitantes que andavam nus e falavam um idioma desconhecido. Ao rei de Portugal, D. Manuel – o Venturoso foi enviada uma carta, no mês de maio, escrita pelo escrivão da esquadra de Cabral, Pero Vaz de Caminha. (que veremos mais tarde).
DOOCUMENTOS DE INFORMAÇÃO
Por todo o século XVI, entre 1500 e 1601, produziu-se uma literatura informativa composta de relatórios, tratados, estudos, diários, etc. O objetivo era descrever e traçar um perfil da nova terra para o conhecimento da metrópole portuguesa. O período é didaticamente chamado de QUINHENTISMO brasileiro, e os documentos produzidos durante esse tempo não podem ser considerados literatura artística, e sim manifestações literárias, já que não são criações de caráter artístico, mas produtos da observação, ora objetiva, ora subjetiva. Os primeiros escritos de informação sobre o Brasil, começando pela carta de Pero Vaz de Caminha, têm caráter bastante descritivo e revelam hábitos de vida dos indígenas, além da exuberância da terra aos europeus. São textos comprometidos em fazer levantamentos gerais da fauna e da flora, dos rios, dos nativos e do mundo tropical.
Apesar do caráter científico que muitas vezes assumem, os textos dos cronistas e dos viajantes estão marcados pela presença da fantasia de seus autores, todos eles exploradores europeus que filtravam fatos e dados, acrescentando-lhes elementos mágicos e características quase sempre fantásticas. A poligamia indígena e a prática do canibalismo por alguns povos foram os dois primeiros elementos que desafiaram os europeus. Eram comportamentos que a visão cristã e medieval não admitia.
Aos jesuítas, orientados pela ideologia da Igreja Católica, cabia a conversão dos gentios de qualquer maneira, mesmo que os padres tivessem de aprender a língua Tupi, o que, de fato, acabou acontecendo, por exemplo, com o padre Manoel da Nóbrega e com o padre José de Anchieta. A Bíblia aparece, na literatura de catequese, como fonte de todo o conhecimento. A literatura dos jesuítas, por outro lado, é bem mais realista que a dos cronistas e viajantes: os padres não se iludiram com o ‘novo mundo’, pois tratavam o índio como pecador.
PERIODIZAÇÃO DA LITERATURA COLONIAL
Considerando-se que o Brasil foi colônia de Portugal de 1500 a 1822, são trezentos anos e mais duas décadas de dominação. No primeiro século, o Brasil colonial foi organizado em capitanias hereditárias, em que a ação jesuítica e catequese é predominante. Por volta do ano 1549, o militar Tomé de Souza é nomeado governador-geral, por Carta Régia que escolheu por sede a Capitania Baía de Todos os santos.
No século XVII, a cidade de Salvador, que já era habitada por cidadãos portugueses, negros escravizados, índios e mulatos, transformou-se em importante eixo comercial e centro decisório de ações políticas do governo. Na primeira metade do século XVIII, a região de Minas Gerais viveu o ciclo do ouro e se transformou em centro econômico da colônia, com rápido povoamento.
A literatura brasileira brotou em duas fases. A primeira fase corresponde ao período do Brasil colonial, durante os séculos XVII e XVIII, nessa época, uma das primeiras vozes da literatura é o poeta Gregório de Matos e Guerra, instalado em Salvador, no século XVII. Durante o século XVIII, Minas Gerais acompanha a produção de poetas sediados em Vila Rica (atual Ouro Preto), Mariana, São João Del Rei, cidades vinculadas ao ciclo do ouro e pedras preciosas. A segunda fase da literatura brasileira se inicia na época do Brasil independente, a partir de 1822.
PERÍODOS LITERÁRIOS DO BRASIL COLÔNIA
QUINHENTISMO
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BARROCO
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NEOCLASSICISMO
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1500 – 1601
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1601 – 1768
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1768 - 1836
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Primeiro documento escrito foi a Carta, de Caminha, cujo destinatário era D. Manuel, rei de Portugal
Florescimento da chamada literatura de informação, cujo objetivo era descrever para a Corte portuguesa a terra descoberta.
Desenvolvimento da literatura de catequese, com a finalidade de doutrinar os indígenas.
Elaboração de textos de teatro com teor catequético.
Produção de poesia religiosa.
José de Anchieta é o principal expoente da literatura catequética.
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Publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira.
Poesia lírica, religiosa, satírica, de Gregório de Matos, em Salvador, Bahia.
Oratória doutrinária, padre Antônio Vieira, em Salvador, Maranhão e outras áreas do Nordeste brasileiro.
Sermões escritos por padre Antônio Vieira.
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Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa.
Atuação do Grupo Mineiro em Vila Rica, MG.
Poesia árcade de Cláudio Manuel da Costa.
Sonetos
Tomás Antônio de Gonzaga escreve a obra Marília de Dirceu.
Poesia épica indianista o Uraguai, de Basílio da Gama, e Caramuru, de Santa Rita Durão.
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A LITERATURA INFORMATIVA
O escrivão de Pedro Álvares Cabral chegou à costa brasileira em 1500 e redigiu a Carta a el-rei Dom Manuel a fim de comunicar e descrever os primeiros contatos entre os portugueses e os nativos aqui encontrados. O documento redigido por Pero Vaz de Caminha constitui a principal fonte de informações históricas da chegada dos portugueses. Veja outras fontes de informação histórica do século XVI:
· 1530 – Diário de navegação, de Pero Lopes de Souza;
· 1557 – Diálogo de conversação do gentio, do padre Manuel da Nóbrega;
· 1557 – Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden;
· 1570 e 1576 – Tratado da Terra do Brasil e História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos de Brasil, de Pero Magalhães Gândavo;
· 1578 – Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry;
· 1587 – Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa.
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