segunda-feira, agosto 22, 2011

LITERATURA CATEQUÉTICA - PADRE ANCHIETA


Literatura de Catequese

Os missionários da Companhia de Jesus chegaram ao Brasil em 1549, com o primeiro governador-geral, Tomé de Souza. Eram capitaneados pelo padre Manuel da Nóbrega e participaram desde logo da política colonizadora dos portugueses, que previa a conversão do gentio ao cristianismo.            
Os jesuítas se estabeleceram em várias partes do litoral brasileiro, onde permaneceram até cerca de 1605. Para ensinar ao gentio os hábitos europeus e, principalmente, para moralizá-lo segundo os padrões da igreja católica, os jesuítas não pouparam esforços. Deram especial atenção às crianças indígenas, por serem mais dóceis e assimilarem mais facilmente os ensinamentos.
 Os princípios cristãos e católicos foram transmitidos pelos jesuítas por meio de encenações: teatralização de cenas bíblicas, lances dramáticos da vida de Jesus, vida dos santos, passagens do Novo e do Velho Testamento, etc. a literatura jesuítica mergulhou fundo no tradicionalismo medieval, fazendo representar “autos” nas grandes destas da cristandade, tais como o Natal, o dia de Reis, a Páscoa.
Por outro lado, os jesuítas aderiram também ao canto, ao diálogo, às narrativas, formas bem populares de encantar o público, principalmente o índio, para quem tudo era novidade. Entendendo que com a música e com o canto era possível uma grande aproximação, os missionários aprimoraram-se em ensinar e também em aprender com os gentios. Desse modo, aproveitaram o aspecto folclórico da cultura dos nativos, mantendo o idioma em que era concebido. Grande parte dos espetáculos cênicos começavam ou terminavam com coreografias e cânticos típicos, a fim de envolver os indígenas na catequização.

Anchieta: missionário e poeta

                Poeta, gramático e catequista, Jose de Anchieta (1534-1597) chegou ao Brasil em maio de 1553, integrando a comitiva do segundo governador-geral, Duarte da Costa. Logo entrou em contato com o chefe Manuel da Nóbrega. Atuou primeiro na Bahia e depois em São Vicente. Também tomou parte da fundação de São Paulo, em 1554.
                Anchieta dominou de tal modo o tupi, um dos idiomas dos indígenas, que chegou a verter o catecismo, as doutrinas cristãs e as obras de fé para essa língua. Além disso, compôs a Arte da Gramática da língua mais usada na costa do Brasil, a mais antiga gramática do idioma Tupi que se tem notícia. A obra foi impressa em Coimbra. Em 1595.
                Anchieta escreveu e fez representar (com elenco de atores nativos) autos catequéticos em muitos locais. Nas aldeias dos índios evangelizados ou semievangelizados, levava à cena peças ingênuas, mescladas de caracterização indígena. Nas cidades, montava representações para a população dentro e fora das igrejas: eram cenas da Bíblia ou da vida de santos. Nos colégios, invariavelmente, dirigia peças nas colações de grau, comemorações, dias santos e ocasiões importantes.
                No ano de 1857, transferiu-se para o Espírito Santo, onde organizou várias aldeias indígenas. Sempre registrava que se dava melhor com os índios do que os portugueses. Faleceu em Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo, em 1597, tendo sido transportado da aldeia à capital, Vitória, por gentios.
                De sus obra constam poemas escritos em três idiomas (espanhol, latim e português); autos (Auto da ingratidão, Auto de São Lourenço, Na visitação de Santa Isabel, Na aldeia de Guarapirim), cartas; e uma  gramática de língua indígena.

A Santa Inês ( Pe. Anchieta)


Cordeirinha linda
Como folga o povo
Porque vossa vida
Lhe dá lume novo

Cordeirinha santa,
De Iesu querida
Vossa santa vinda
O diabo espanta

Por isso vos canta
Com prazer, o povo,
Porque vossa vinda
Lhe dá lume novo

Nossa culpa escura
Fugirá depressa
Pois vossa cabeça
Vem com luz tão pura

Vossa formosura
Honra é do povo,
Porque vossa vinda
Lhe dá lume novo

Virginal cabeça
P’ela fé cortada,
Com vossa chegada,
Já ninguém pereça.

Vinde mui depressa
Ajudar o povo,
Pois com vossa vinda
Lhe dais lume novo

Vós sois cordeirinha
De Iesu formoso
Mas o vosso esposo
Já vos fez rainha

Também padeirinha
Sois de nosso povo
Pois, com vossa vinda,
Lhe dais lume novo.

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