quarta-feira, maio 23, 2012

ROMANCE INDIANISTA


O romance indianista

               Assim como a poesia, o indianismo no romance foi um dos aspectos mais marcantes do nacionalismo literário. José de Alencar é o escritor que melhor representa essa tendência.


Contexto histórico

Em 1808 a família real vem para o Brasil, fugindo do exercido Frances que havia invadido Portugal. A chegada da corte causou grandes mudanças, como a abertura dos portos para as nações amigas, o que facilitou a entrada de novas tendências culturais, foram instaladas bibliotecas e escolas de nível superior.
No ano de 1822, foi proclamada a independência do Brasil, o que aflorou o desejo de uma literatura brasileira.

Características

  • Natureza exuberante;
  • Os índios protagonizam os enredos (belos; espertos; corajosos; heróicos.)
  • Os índios representam de forma gloriosa os ancestrais do povo brasileiro.

Principais Obras  

  •       O guarani(1857)
  •       Iracema(1865)
  •       Ubirajara(1874)   

Principal autor: José de Alencar

Nasceu em 1829 no Ceara, estudou no Rio de Janeiro e fez faculdade de direito em São Paulo, trabalhou toda a vida como advogado, mas também escreveu obras para o teatro e livros, também exerceu o jornalismo. Faleceu no Rio de Janeiro em 1877 de tuberculoso.

Trecho do livro Iracema

Capítulo II

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva.
Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão.
Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se.
Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito dafloresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotasarmas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida.
O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.
A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.
O guerreiro falou:
— Quebras comigo a flecha da paz?
— Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro guerreiro como tu?
— Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.
— Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de Iracema.

Fontes:
Livros:
Português: contexto, interlocução e sentido/ Maria Luiza Abaurre, Maria Bernadete M. Abaurre, Marcela pontara. São Paulo:Modeerna,2008.
   Enciclopédia do estudante : Literatura em língua portuguesa: escritores e obras do Brasil, África: e Portugal/[tradutores Maria Celia Fatarel, Ricardo Lisías Aidar Fermino; editora Sandra Almeida]. – São Paulo: Moderna, 2008.


Sites:

Alunos: Gustavo Gomes Ferreira, Maicon Custódio.
Série 2 ano.
Seminário São Francisco de Assis.


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