“Fascinava-nos, apenas.
Deixamos para compreendê-la mais tarde.
Mais tarde, um dia… saberemos amar
Clarice.”
(ANDRADE, Carlos Drummond. Visão de Clarice Lispector.)
O que o poeta da geração de 1930 da
literatura Modernista Brasileira pode dizer sobre Clarice, escritora da geração
pós-modernista de 1945?
O texto clariceano, apresenta-se
geralmente como enigmático. Numa entrevista ao programa “Panorama” da TV
Cultura pouco antes de morrer, Clarice define sua obra como de “toque”. Para
ela, é claro que não há nada de enigmático em sua obra e sim existe muito
sentimento. “Ou toca ou não toca”. Esse toque presente na obra de Clarice é
conhecido pelo termo de epifania, ou
seja, significa a descoberta da própria identidade a partir de estimulo
externo. As personagens nesse momento descobrem a própria essência, aquilo que
as distingue das demais e as transforma em indivíduos singulares. É aí que o
leitor se identifica.
Clarice Lispector nasceu na Ucrânia
em 10 de dezembro de 1920, e sua família mudou-se para o Brasil durante a
Guerra Civil Russa em 1922, instalando-se em Maceió. Com 15 anos mudou-se para
o Rio de Janeiro e com 19 anos escreveu seu primeiro conto intitulado “Triunfo”.
Com 56 anos publicou seu último livro “A hora da estrela” em 1977. Faleceu
meses depois da publicação da obra, na véspera de seu 57º aniversário, 9 de
dezembro.
A descoberta do “eu” é o tema que
mais agradava Clarice, embora, segundo ela, nunca tivesse desvendado
totalmente, pois isso é impossível. A condição feminina, a dificuldade do
relacionamento humano e a hipocrisia dos papéis “socialmente” definidos
estiveram presentes nos textos de Clarice.
Para Affonso Romano de Sant’Anna,
Clarice “inventou” quatro passos que permearam toda construção literária de
suas obras. Partindo do tema a personagem é disposta numa determinada situação
cotidiana; Então se prepara um evento que é pressentido discretamente; Ocorre o
evento que lhe “ilumina” a vida; Ocorre o desfecho, a partir do qual se
considera a nova situação da vida do personagem, após o evento.
Sobre a misteriosa Clarice
Lispector, só podemos recordar e repetir as palavras de Drummond: Clarice veio
de um mistério, partiu para outro. Ficamos sem saber a essência do mistério. Ou
o mistério não era essencial, era Clarice viajando nele.
Aluno: Vinícius de Menezes Fabreau, 3º. Ano EM
Seminário São Francisco de Assis
2014
Professor Ricardo Luís Mees
Seminário São Francisco de Assis
2014
Professor Ricardo Luís Mees
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